Faz hoje 400 anos que nasceu D. Francisco Manuel de Melo. Como lembrança deste facto, deixo aqui um dos seu poemas.
Ao Arcanjo são Rafael, pedindo-lhe
dirija sua molesta navegação
Piloto Celestial, Norte divino
Primeiro Tifis, Palinuro belo,
Guiador de Tobias a Gabelo,
Igual luz que do Velho, do Minino
Este madeiro que sem luz, sem tino,
Corta do mundo tanto paralelo,
Que presago se mostra em seu desvelo,
Mais do naufrágio que do porto dino!
Socorrei e guiai, entre as porfias
Dos erros e das sombras que ignorante
O desviam do porto verdadeiro!
Qual como fostes a ambos os Tobias,
Do Pai mèzinha e médico elegante,
Do Filho guia e doce companheiro.
(D. Francisco Manuel de Melo, Poesias Escolhidas, Prefácio, selecção, notas, tábua de concordância e glossário poe José V. de Pina Martins, Editorial Verbo)