quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Padre António Vieira

O alto funcionário ultramarino segundo o Padre António Vieira:
Aparece uma nuvem no meio daquela Baía, lança uma manga ao mar, vai sorvendo por oculto segredo da natureza grande quantidade de água; e depois que está bem cheia, depois que está bem carregada, dá-lhe o vento, e vai chover daqui a trinta, daqui a cinquenta léguas.

Pois, nuvem ingrata, nuvem injusta: se na Baía tomaste essa água, se na Baía te encheste, porque não choves também na Baía? Se a tiraste de nós, porque a não despendes connosco? Se a roubaste a nossos mares, porque a não restituis a nossos campos? Tais como isto são muitas vezes os ministros que vêm ao Brasil - e é fortuna geral das partes ultramarinas. Partem de Portugal estas nuvens, passam as calmas da Linha, onde se diz que também refervem as consciências, e em chegando, verbi gratia, a esta Baía, não fazem mais que chupar, adquirir, ajuntar, encher-se (por meios ocultos, mas sabidos), e ao cabo de três ou quatro anos, em vez de fertilizarem a nossa terra com a água que era nossa, abrem as asas ao vento, e vão chover a Lisboa, esperdiçar a Madrid.
Padre António Vieira, Sermão da Visitação de N. Senhora, pregado no Hospital da Misercórdia da Baía

3 comentários:

Marina disse...

Olá, Rui. Li um texto seu sobre São Jerônimo no blog e achei muito bom. Sou aluna de graduação da Universidade Federal do Paraná, no Brasil, e estou fazendo uma monografia sobre o tema. Como seu texto é muito bom, gostaria de utilizá-lo, mas não sei como citá-lo. Além disso, exceto o Western Translation Theory, você não poderia citar outro livro pra eu consultar? Muito obrigada!

jorge vicente disse...

como era preciso um padre antónio vieira para os nossos tempos!!!

um grande abraço
jorge

Anónimo disse...

Só uma nota:
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